Vestígios

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O amor como ação pública.

Mas como?
"[..] Tudo muda, mas na verdade tudo se repete. A máquina da prosperidade esmaga quase todos contra uns poucos. Mas o caos nunca morreu e o universo quer brincar. As leis nunca foram quebradas porque elas, simplemente, nunca existiram. Demônios nunca existiram, Impérios nunca começaram e Eros nunca deixou a barba crescer. Ouça o que aconteceu: Eles mentiram para você, lhe venderam uma idéia de bem e de mal, hipnotizaram a falta de atenção e todas as suas emoções mesquinhas e até a vergonha do seu próprio corpo. Você já é o monarca da sua própria pele. Arrombe um apartamento, mas ao invés de roubar, deixe um objeto poético. Sequestre uma pessoa, e faça ela feliz naquele dia. Quando finalmente teremos a coragem de ser felizes, como imaginamos que podemos? Fazer algo que as crianças se lembrem pro resto de suas vidas com um sorriso irrefreável? Já que a virtude se converte em vício quando mal aplicada, e o vício se dignifica pela ação. Seria necessária uma grande realização. O terrorismo e a poesia em amorosa comunhão. Mas como? "

HAKIM BEY
...
[...] É sempre bom lembrar que os sobrenomes não deviam valer nada. Que o amor devia validar tudo. Que tudo não é como a gente gosta. Que para ser como a gente gosta, tem que ter atitude, compromisso... Certa loucura. E mais, que a suprema loucura pode ser uma perfeita forma de razão.
...

[...] Na nossa história, a transformação começa dentro do peito. Apredemos que todo o final é um começo. Morremos a cada dia.

...

*** Estes pequenos trechos não são meus: Fui a uma peça teatral, chamada "O Sacrificio", de Cibele Forjaz, com dramaturgia de Fernando Bonassi e encenado por atores do Núcleo Experimental do SESI. Uma adaptação maravilhosa de Shakspeare, em Romeu e Julieta. E sabe, isso fico marcado em mim, profundamente. E resolvi compartilhá-los com vocês. Espero que gostem. Que sintam essa urgência. Eu senti.

7 comentários:

D.Ramírez disse...

Adorei o texto em toda sua escencia, principalmente os curtos. Não por serem seus apenas, mas por serem curtos são mais intensos. E vem de dentro do seu eu, com palavras belas como seu sewr.

Besos

João Moreira disse...

Olá,
São pensamentos e formas de rodar a lógica, fez-me lembrar um escritor Português que nas suas entrevistas, que eu adoro, tem um estilo parecido.
Há sempre uma criança dentro de nós, é por isso que ás vezes achamos que fizemos disparates…
Fica bem amiga
Beijos perfumados

Átila Siqueira. disse...

Belíssimo, uma versão pós-moderna de Shakspeare, com uma boa dose de Foucalt, dentre outros filósofos. Coisa boa de se ler, pois fala da construção discursiva de uma verdade, ou melhor, de várias verdades e paradigmas impostos a nós durante o passar do tempo.

A contestação desses paradigmas é algo necessário hoje em nossa sociedade, e fico feliz em ver que isso está sendo colocado nas obras de artes, e não só apenas nos livros de filosofia, que acabam por possuírem público restrito.

O interessante é que o meu livro, Vale dos Elfos, também trata muito desse assunto, no decorrer de sua trama. E fico feliz que outras pessoas estejam escrevendo coisas assim, que busquem libertar e humanizar mais o homem, e levá-lo de encontro com as possíveis possibilidades e perspectivas de sua existência.

Adorei a postagem, querida Tamires.

Um grande abraço,
Átila Siqueira.

Conde Vlad Drakuléa disse...

Flap!flap!Flap! Pousei...

Saudações monoculares, eu sou o conde Vlad...

Excelente e muito sábio texto, realmente o Bom Átila estava correto quando me indicou vosso belíssimo blog! Toda transformação realmente inicia-se dentro do peito, e depois é que ela migra para o cérebro e vira idéia... Em meus 900 anos como íncubus empalhado me delicio em rever pessoas com o mesmo espírito do bardo Shakes! Parabéns ^^
Até breve...
Voei, Flap!flap!Flap!

Anônimo disse...

Coisa rica da minha vida inteira!

Que palavras! Fui lendo e lembrando de algumas conversas com tive com um certo alguém. Onde falávamos sobre essa urgência que temos de viver e de achar a felicidade, quando na verdade, nem se acha. Ela vive na gente. Nós que acabamos deixando-a morrer, por vezes. E foi tão bom lembrar dessas conversas passadas, Tami. Tão bom. Você sabe do que eu falo.

Só alguém com sensibilidade, pra tocar a gente da forma como você faz, Fofura!

Foi lindo viu. Demais.

Beeeijo!

Amo vc!

Felipe Rangel Prado disse...

muito Bom



http://www.palcomp3.com.br/feliperangel


escuta lá

Junkie Careta disse...

Lindíssimo texto professora.Isso faz parte do pacote de estragos que a moral católica fez com nossas paixões.

Um viva às paixões avassaladoras!

Bjo