Vestígios

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Pecar, viver, amar...?

E como o blog é exatamente pra isso, pra esvaziar idéias,
posto aqui um conto que fiz...em uma das muitas noites insones...meio desvairado... como a dona, ok? Beijos.


PECAR, VIVER, AMAR...?

Sophie sentia. Ele estava próximo, muito próximo. E ela estava próxima da insanidade por desejar algo assim, desse tipo. Avassalador, condenável. Mas será que era realmente insano? Querer sentir o que aquele estranho lhe oferecia, em todas as dimensões, usufruir do bem, mas também do mal, a estava enlouquecendo. No exato sentido da palavra.
Ora, mas era tão bom sentir... Sentir o suor lhe escorrendo pelo corpo, sentir sua respiração tão próxima, arrepiando cada pelo do seu corpo trêmulo, sua pele tão quente, sua mão tão deslizante e áspera, calejante.

Não adiantava implorar aos deuses por salvação. Eles pareciam querer testar seu fôlego, sua alma. Colocar tudo contra o fogo. Deixar tudo esparramado pelo chão.
Como poderiam pertencer a mundos tão diferentes, se seus sentimentos eram tão intensamente simultâneos? Tão intensamente insistentes?
Eu o queria, ah, como queria... Mas sabia também que não poderia tê-lo. Não ao menos enquanto ele continuasse a vê-la às escondidas, sorrateiro. Disfarçado. Mas, ao mesmo tempo, não podia fazer nada, teria ser assim se quisesse manter esse interlúdio desvairado de paixão. Seu coração a oprimia. Ele simplesmente a consumia.
Por fim ele chegou. E com ele o cheiro e o gosto do pecado, acompanhado do mais angustiante desejo. Irracional. Irrefreável. Indiscutível.
Afonso era atraente em demasia. Sedutor por natureza. Sabia conduzi-la por caminhos obscuros. Porém não era necessário. Já me encontrava lá, na escuridão. Escuridão da alma, do corpo e do coração.
Aproximou-se...

Passou a mão por meus cabelos, entrelaçou sua língua na minha, arrastou-me aos mais delirantes sussurros. Fez-me sua mulher. Lançou-me ao paraíso, mas também me condenou ao inferno. Acabou. Fugiu novamente. Mas antes atirou-me no poço mais profundo e angustiante que alguém poderia estar. Amor não correspondido. Amor literalmente em pecado. Corpo em chamas. Almas insanas.
Como poderia ter se deixado levar por suas palavras? Como? Não podia!
Isso não poderia ter acontecido... mas quando ele chegava tudo o que ela mais queria era senti-lo... então suas resoluções caíam por terra. O amava. Ele somente a desejava. Dizia ter muito mais a perder que ela. Será?
Ele pertencia a outra. Outra muito mais exigente. Outra muito mais insistente.A Igreja. Seu amante? Seu discípulo? Padre Afonso. Seu homem...






2 comentários:

Anônimo disse...

Você não fez nada abaixo do que eu esperava. Sempre soube que era, no íntimo, uma maravilhosa escritora. Que bom que agora posso acompanhar, mesmo sem te conhecer, tudo mais de perto. Saudades
E´Parabens pela iniciativa.
Bejus

Tamires Lima disse...

Olá...
Bem, obgda pelas palavras, mesmo sem saber exatamente quem é vc, porém desconfio...

bjo